O padre Luiz Carlos Lodi da Cruz foi condenado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a pagar R$ 60 mil por impedir um aborto autorizado pela Justiça.
Surpreso com a decisão, ele não se arrepende de defender a vida da criança. “Ao dizer que a vida humana é sagrada, eu acredito que, ou a gente aceita como uma verdade universal ou nós vamos cair nas atrocidades do nazismo. Eu ser condenado por causa de Jesus e com Jesus em um tribunal, para mim é uma honra. Eu não mereço, mas eu agradeço”, disse o padre em entrevista à TV Anhanguera.
Em 2005, o feto foi diagnosticado com uma síndrome que impede a vida fora do útero e sua mãe decidiu abortar. Como forma de impedir o ato, o sacerdote pediu um habeas corpus alegando que os pais iriam praticar um homicídio, segundo o STJ.
No momento em que a gestante estava internada para fazer o procedimento, ela foi notificada pela Justiça de Goiás, que acatou o pedido do padre. A mulher voltou para casa em Morrinhos, região sul de Goiás. O bebê nasceu oito dias depois, mas morreu em seguida.
O padre explicou que, na época, era estudante de direito e quis defender a criança. “A vida humana não vale por sua qualidade, nem pela sua duração. A vida humana vale em si mesma. A minha vida vale por eu ter sido criado à imagem e semelhança de Deus. Simplesmente por eu existir, eu já valho".
"A criança — o nome dela era Giovana — estava condenada à morte por uma sentença judicial. Sentença que tinha ilegalidade e abuso de poder, assim reconheceu o desembargador. Por isso, eu, que na época era estudante de direito, resolvi impetrar o habeas corpus em favor do neném para que o aborto não fosse realizado”, acrescentou o sacerdote.
Apesar de ser condenado por causar “sofrimento inútil” à família, Cruz acredita que “nenhum sofrimento é inútil”. “O sofrimento, se ele for aceito por amor, ele tem valor de redenção”, afirmou.
Sobre o pagamento do valor de R$ 60 mil estipulado pelo STJ, o padre afirmou que não tem dinheiro e não quer receber doações para realizar essa indenização.
Em 26 de outubro de 2016